04/06/2016

Conflitos no Oriente Médio

Nessa aula de hoje vamos ver sobre os conflitos no Oriente Médio. Os conflitos que destacaremos aqui será:
  1. Guerra Civil no Líbano
  2. Revolução Islâmica no Irã
  3. Guerra entre Irã e Iraque
  4. Invasão Iraquiana no Kuwait
  5. Afeganistão
  6. Coalização dos EUA e Reino Unido contra o Iraque
  7. Primavera Árabe


1.Localização do Golfo Pérsico, diversidade de regimes políticos e consequência dos conflitos

Em primeiro lugar é necessário destacar que a região do Golfo Pérsico é estrategicamente importante devido as grandes reservas de petróleo. Por isso esta região é alvo de disputa por outros países como o Estados Unidos ou como a Europa Ocidental.

Dessa forma é necessário saber a localização do citado Golfo Pérsico e dos demais países próximos.

Feito esta análise podemos destacar que a região do Oriente Médio é tomada por uma instabilidade política causada por sua maioria de governos antidemocráticos, como: governos autoritários com suas ditaduras, democracia teocrática[1] e monarquias absolutistas.

Esta instabilidade política provoca um contínuo estado de beligerância [2]. Ou seja, o Oriente Médio está constantemente em iminência de guerra ou conflito.

Os conflitos no Oriente Médio são muito preocupantes pois a área que está cheia de grupos antagônicos pode provocar novos choques do petróleo, isso é, podem aumentar o preço da venda do petróleo espalhando novas crises para outras regiões.
Até agora tivemos três crises do petróleo:
A primeira foi em 1973, por causa da guerra de Yom Kippur, que fez saltar o preço do barril de US$ 2,50 para US$ 11,50.
A segunda crise foi 1979, após a Revolução Islâmica do Irã, o novo governo cortou o fornecimento do produto tendo aumento de US$36,00
A terceira crise foi em 1990, quando o Iraque invade o Kuwait, temendo que o fornecimento do óleo fosse cortado, o preço do barril saltou US$ 40,00.

[1] Teocracia - Forma de governo em que a autoridade, emanada dos deuses ou de Deus, é exercida por seus representantes na Terra (Dicionário Aurélio Século XXI).
[2] Beligerante - Que ou aquele que faz guerra, ou está em guerra (Dicionário Aurélio Século XXI).

2. Guerra Civil no Líbano

O Líbano é um país pequeno com quase 16.000 km² e possui uma população com diversidade religiosa: 40% cristão e 60% muçulmano (entre xiitas, sunitas e drusos). Desde sua independência política com a França em 1945, o cargo do governo é dividido a partir da religião: sendo o presidente um cristão e o muçulmano para primeiro-ministro.

Mesmo com essa intenção de tentar amenizar o conflito o país entrou numa guerra civil entre libaneses cristãos, apoiados pelos israelenses, e libaneses muçulmanos, apoiado pelos sírios e palestinos (este foram expulsos da Jordânia em 1970.

Em 1976 a Síria invade o território do Líbano e Israel, como resposta, fez várias incursões no sul do país para defender seus aliados. A trégua da guerra chegou no final em 1991, mas teve seu território desocupado apenas em 1995 pela Síria e em 2000 por Israel.

Entre 2006, o Israel invadiu o Líbano novamente em busca dos guerrilheiros da Hizbollah (ou Hezbollah).

3. Revolução Islâmica do Irã (1979)

Desde 1941 quem comandava o Irã era o monarca Mohamed Reza Pahlavi, chamado de xá (rei), que buscou uma política de modernização econômica e social aos moldes da cultura ocidental, o que fez aproximar-se dos EUA e tornarem-se aliados.

De outro lado, uma figura religiosa importante, o aiatolá Rohollah Khomeini, pregava o fim da monarquia iraniana e liderou entre 1978 e 1979 uma série de lutas que levou a revolução islâmica. Através de um plebiscito popular foi votado na substituição da forma de governo monárquico pela forma republicana e elegeram Khomeini como líder. Embora a mudança da forma de governo, a república foi seguida pela teocracia, ou seja, pelas leis religiosas, o que fez um governo bem conservador e fundamentalista nas leis religiosas.

Khomeini transformou o país em uma república teocrática e declarou-se como autoridade suprema e estabeleceu como inimigo os Estados Unidos. Por exemplo, Khomeini chegou a comparar os Estados Unidos como o grande Satã.

Um segundo momento que aumentou a uma animosidade entre Irã e EUA. Mohamed Pahvali, que havia fugido do Irã em janeiro de 1979, antes da revolução, retornou em outubro ao Irã, para um tratamento de câncer com a permissão dos EUA. Estudantes radicais que queriam o ex-xá para um julgamento, invadiram a embaixada americana em Teerã e renderam 63 funcionários e os manteve reféns por mais de um ano.

Essa revolução islâmica despertou um receio que a rebeldia se espalhasse nos demais países de governos antidemocráticos e que incitasse uma série de revoluções. Como consequência, os governos autoritários e antidemocráticos iniciaram a caçar possíveis revolucionários e causando a morte de milhares de pessoas. Como exemplo, podemos citar o caso da Síria (Ver o item Primavera Árabe). E como no caso do Afeganistão, que provocou a invasão da URSS, por medo de perder o governo pró-soviético. 


4. A guerra entre Irã e Iraque (1980-1988)

Em 1975, Saddam Hussein assumiu o governo iraquiano em meio a um golpe político.

Hussein tinha o interesse de dominar as áreas próximas e assegurar a relevância no Golfo Pérsico aumentando suas riquezas petrolíferas. E ainda, o medo que a revolução islâmica fosse um exemplo para um contragolpe no Iraque fez com que invadisse o Irã em 1980. A invasão teve o apoio dos EUA, pois, era importante para os yankees terem um governo aliado no Irã, já que a revolução islâmica no Irã quebrou a relação entre os dois países.

A guerra foi extremamente disputada pelos dois lados e a mesma acabou com um cessar-fogo em 1988, com praticamente 1,5 milhões de mortos [3].

Para entender mais sobre a guerra indico a leitura sobre a Guerra das Cidades



5. A primeira guerra do Golfo: Invasão do Iraque no Kuwait (1990-1991)

Sob a justificativa dos gastos de quase US$ 100 bilhões com a guerra de 8 anos com o Irã (ver o ponto anterior) e da grande reserva de petróleo, Saddam Hussein, presidente do Iraque, invadiu o Kuwait. 

Diferente do Irã, o Kuwait representou pouca resistência e o Iraque logrou êxito na sua ação rapidamente. Contudo, esta ação não agradou os demais países.   

No cenário mundial a ONU (Organização das Nações Unidas), criada para mediar e evitar possíveis conflitos, exigiu a retirada das tropas iraquianas no Kuwait. Hussein negou o pedido da ONU e manteve seu exército ocupando Kuwait. 

Como resposta, a ONU, enviou tropas em 1991 para expulsar os iraquianos com a liderança dos EUA e além dos bombardeios que resultaram em mais de 100 mil mortes [4]. Em menos de uma semana houve o cessa-fogo e a desocupação iraquiana em território kuwaitiano. 

Após a guerra, Saddam Hussein ainda manteve-se no poder do Iraque até ser capturado em 2003 pelas forças americanas e enforcado pelos governo iraquiano em 2006 [4]

Logo após a guerra, o Iraque sofreu uma série de revoltas populares de grupos étnicos como os curdos, na região norte, e os xiitas, na região central. 

No cenário mundial, o Iraque sofreu um boicote econômico (embargo) por ter resistido e desobedecido à ONU.  O país somente retomou a vender petróleo, numa quantidade restrita, em 1994 com autorização da ONU. 



6. Afeganistão
O Afeganistão tem aproximadamente 30 milhões de habitantes e é uma país extremamente pobre e com uma diversidade étnica. Em contrapartida, o país tem uma importante localização geográfica por situar-se na Ásia central e permitir acesso as proximidades do Oceano Índico. Além de sua desejável reserva de petróleo faz esta região ser um alvo de disputadas.




Um aspecto físico do Afeganistão que vale a pena relembrar é que o país se destaca pelo Hindu Kush, uma cadeia de montanhas com média de 1.800m de altura. Este relevo montanhoso foi essencial para a resistência das guerrilhas.

Em consequência da revolução islâmica, a URSS, invadiu o Afeganistão em 1979 com a intenção de manter o governo aliado e de garantir uma fronteira contra as revoluções.  A ocupação soviética terminou em 1989 sem conseguir conquistá-lo completamente e após a desocupação o Afeganistão iniciou uma guerra civil.

Nesse período de guerra civil ganha forças o grupo político chamado de Talebã, grupo de estudiosos do Corão e defensores do teocracismo (governo regido pelas leis religiosas) no Afeganistão e Paquistão.  

Não confunda Talebã e Al Qaeda: ambos são do Afeganistão, são contra os EUA e por isso até tem uma relação entre si. Porém é necessário diferencia-los. A principal diferença é que o primeiro, grupo de estudantes do Corão, age politicamente e o outro é um grupo terrorista, que foi liderado pelo Osama bin Laden, o mentor do ataque de 11 de setembro.

Fonte: Revista Escola. O que é o Talebã?

Voltando ao período da invasão soviética em 1979, é importante não se esquecer que vivíamos na Guerra Fria, e por isso, estrategicamente os EUA apoiaram grupos guerrilheiros de oposição para derrubar o governo soviético. Um dos grupos de oposição foi o Al Qaeda que teve como liderança o Osama bin Laden, que foi treinado pela CIA e posteriormente tornou-se inimigo dos norte-americanos sendo o responsável pelo atentado de 11 de setembro de 2001.

O atentado mudou a situação entre o Afeganistão e os EUA. Quase um mês após o ataque, no dia 07 de outubro de 2001, os EUA, com apoio de vários países e consentimento do ONU, invadiram o Afeganistão, derrubaram o governo do afegão (que era do Talebã) e buscaram destruir os grupos terroristas e inimigos dos EUA, como o Talebã e Al-Qaeda.

O primeiro grupo, o Talebã, foi mais fácil de localizar pois trata-se de um grupo político, formal e estruturado no Afeganistão, porém, também abrange o Paquistão. O segundo grupo, o Al-Qaeda, por tratar-se de uma organização guerrilheira, e não formal, é mais difícil de localiza-la, pois muitos dos terroristas da Al-Qaeda fugiram para o Paquistão. E no Paquistão, ainda resiste muitos simpatizantes e terroristas deste grupo, bem como, foi o local onde Osama bin Laden esteve escondido. O governo paquistanês é aliado dos EUA, mas a população local é simpatizante da causa do Talebã, o que dificulta a luta contra o terrorismo. 

Apesar dos bombardeios e de tropas americanas e aliadas dominarem o Afeganistão, o objetivo dos EUA em acabar com o terrorismo ou Al-Qaeda, não deu certo por conta da dispersão dos terroristas em território paquistanês.


Em maio de 2011, forças especiais americanas localizaram Osama bin Laden em território paquistanês e neutralizaram o líder. Contudo, a morte do líder não finalizou a guerra e milícias do Taleban responderam atacando as forças aliadas aos americanos na região.  

O desgaste com a guerra do Afeganistão e da tão longínqua ideia de acabar com o terrorismo, fez com que na campanha eleitoral de Barack Obama prometesse retirar as tropas americanas no Afeganistão. Até hoje as tropas continuam no Afeganistão.

Obama disse que a decisão [de diminuir ritmo de retirada de tropas dos EUA no Afeganistão] deve mostrar ao Talibã que o único caminho para se obter a retirada total das tropas dos EUA é chegar a um acordo com o governo do Afeganistão

É estabelecida uma comparação do não sucesso das incursões norte-americanas nos Afeganistão com a amarga derrota no Vietnã (1961-1975), aliado da URSS. Veja o exercício abaixo que reforça essa comparação:

Alegando proteger um governo amigo, em 1979 a antiga URSS invadiu o Afeganistão. Criticada internacionalmente, com forte oposição dos EUA, governada por Ronald Reagan, a antiga URSS teve que enfrentar inúmeras dificuldades, como se atesta no texto [...] a seguir:

O relevo muito acidentado do Afeganistão e os apoios externos permitiram aos afegãos fazer face a 120.000 soviéticos. Apesar das ofensivas, dos bombardeamentos maciços e do recurso às armas químicas, originando um milhão de vítimas, essencialmente civis, e cinco milhões de afegãos condenados ao exílio (sobretudo no Paquistão e no Irã), a URSS não conseguiu vencer os mujahidins. Tal como os Estados Unidos no Vietnã, ela atolou-se no “lamaçal afegão”: perto de 15.000 soldados soviéticos foram mortos durante os nove anos do conflito, a imagem de protetora dos “povos oprimidos” ficou arruinada e os limites do seu poderio postos em evidência.  

Assim, é correto pensar que
a) o governo dos EUA fez todos os esforços para ajudar a antiga URSS.
b) os principais inimigos a lutar contra os soldados soviéticos foram as milícias do Paquistão.
c) a guerra envolveu apenas meios militares lícitos.
d) o Afeganistão foi uma espécie de Vietnã da URSS, comparando à derrocada dos EUA no Sudeste Asiático.
e) a intervenção soviética no Afeganistão fortaleceu a imagem da URSS de protetora dos povos oprimidos.

Resolução
Tal qual os EUA no Vietnã, a URSS enfrentou uma guerra de guerrilhas no Afeganistão para a qual seu exército não estava devidamente preparado. Resposta D


7. Coalização dos EUA e Reino Unido contra o Iraque

Em 2003, os EUA acusou o Iraque de desenvolver armas de destruição em massa e que estaria apoiando grupos terroristas. Os EUA, junto com os britânicos, enviou tropas para derrubar o governo de Saddam Husseim. 

As consequências levaram a criação de um “posto avançado” dos EUA na área que possui a maior reserva de petróleo do mundo, impondo os seus interesses na região. 


8. Primavera Árabe 

Primavera Árabe
Por Maria da Glória Gohn*

A onda de mobilizações que veio a ser denominada Primavera Árabe iniciou-se na Tunísia, em 2010, espalhando-se para o Egito, Líbia, Iêmen, Síria etc. “Dignidade”, segundo Safatle (2012), foi a palavra fundamental que guiou os manifestantes tunisianos em janeiro de 2011. O autor prossegue citando Hamadi Redissi (2011) que disse: Quem fez a revolução foram jovens diplomados e desempregados, ciberativistas e sindicatos” (Safatle, 2012, ilustríssima, p.6). Segundo registros na imprensa escrita, uma mulher blogueira teve um papel fundamental na Tunísia: Lina Bem Mhenini. Ela criou um blog em 2007 e escrevia sobre censura, direitos femininos, direitos humanos e liberdade de expressão. Dado o tom de seus temas, seu site foi bloqueado e a polícia fez buscas em sua casa e levou todo seu material de conexão com as mídias e redes sociais. Em 2010, ela voltou à tona, fotografando protestos e a violência contra os manifestantes, inclusive mortes. Um vendedor de frutas, Mohamed Sidi Bouazizi, autoimolou-se em protesto contra o confisco de suas mercadorias, pelo fato de não ter licença para vendê-las. Ela registrou o fato e colocou tudo na internet, rompendo com o apagão mediático imposto pela censura de Bem Ali. Também teve papel importante o blog Nawaat, de Astrubal. Autoritarismo do regime político, repressão, conflito religiosos e economia em crise foram os motores explosivos da revolta. Após dois anos, os acontecimentos revelaram sua complexidade e dificuldades para a realização de um regime democrático dada a fragmentação social, a falta de lideranças com projetos claros e a confusão entre regime político e religioso, com a política sufocada pela religião e a tendência à islamização da sociedade. A Tunísia teve um papel fundamental ao derrubar o ditador Zine Abedine Bem Ali. A Revolução de Jasmin, como ficou conhecida, leva o crédito de ter inspirados outros países árabes, no movimento Primavera Árabe.

O Egito, o mais importante país do mundo árabe, foi o primeiro a seguir o caminho da Tunísia. Uma grande mobilização popular levou à derrubada do dirigente Mubarak, que permaneceu no poder por trinta anos. Segundo Davis (2012), “’pão’ foi a primeira reivindicação dos protestos na Praça Tahir, a palavra ecoa na Primavera Árabe com quase igual intensidade que no outubro russo”. Eles promoveram atos públicos e ocupações. Um manifestante afirmou: “Fomos oprimidos por anos até que explodimos”. .

* Socióloga 
GOHN, Maria da Glória Gohn. Primavera Árabe. In: _______.Sociologia dos movimentos sociais. São Paulo: Cortez. 2013. p.27-


Referências 

OBJETIVO. Material didático. 2016. 

MARINA, Lúcia; RIGOLIN, Tércio. Série Novo Ensino Médio: Geografia. 2ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2005. 

3] PARKER, Philip. A Guerra Irã-Iraque. In: ______. Guia ilustrado Zahar: História Mundial. Tradução: Maria Alice Máximo. Rio de Janeiro: ZAHAR, 2011. p.391.